Mosteiro de São Bento

A fundação do Mosteiro de São Bento data de 14 de julho de 1598. Segundo documentação da época, foram concedidas duas sesmarias pelo Capitão-Mor Jorge Correia, as quais seriam a base da fundação beneditina na pequena vila.

O terreno cedido a São Bento era o mais bem localizado, depois daquele do Colégio dos Jesuítas, ficando exatamente no alto da elevação, entre as águas do Anhangabaú e do Tamanduateí, abrangendo de um lado até o Vale do Anhangabaú e, do outro, até a atual 25 de Março, inclusive.

O mosteiro teve como fundador um paulista de nome Simão Luís, nascido em São Vicente, o qual mais tarde passou para a história, com o nome de Frei Mauro Teixeira. Discípulo do Padre José de Anchieta, que ingressou no Mosteiro de São Bento da Bahia, depois de sua família ter sido morta pelos índios tamoios. Ele conheceu o cacique Tibiriçá e, anos depois, construiu, no mesmo local onde existira a taba do glorioso índio, uma igreja em homenagem a São Bento. Aí levantou um pequeno santuário, que conservou, durante algum tempo, sob seus cuidados.

A 15 de abril de 1600, os oficiais da Câmara ratificaram, o que já havia sido feito por seus colegas, a Frei Mauro Teixeira:

"Carta de chãos de sesmaria, para o sítio do convento", por "constar ser como o dito padre diz e alega, por serviço de Deus Nosso Senhor e de seu servo, o bem aventurado São Bento", "os quais chãos serão para o convento, mosteiro, ou casa do dito santo, fôrros livres e isentos de todo tributo e pensão, de hoje até o fim do mundo".


É interessante destacar o papel do Mosteiro de São Bento na aclamação de Amador Bueno como rei de São Paulo, episódio histórico que assinala o primeiro grito de independência em terras do Brasil. Evitando aqueles que queriam fazê-lo rei apressadamente, rumou em direção ao templo onde pretendia refugiar-se. Os paulistas seguem em seu encalço gritando: "Viva Amador Bueno, nosso rei", ao que ele replicou muitas vezes "viva o senhor D. João IV nosso rei e senhor, pelo qual darei a vida".

Graças a Fernão Dias Pais, foi construído um novo templo. Em janeiro de 1650, foi lançada a pedra fundamental para sua construção. O bandeirante reconheceu "a pequenez do mosteiro e o aperto em que estavam os monges". Em troca, os religiosos "lhe davam a capella-mór da dita igreja para elle e todos os seus herdeiros e descendentes que apoz elle vierem e descenderem, n´aquella capela-mór se faria um carneiro para elle e todos os seus herdeiros legítimos serem sepultados…". As imagens de São Bento e Santa Escolástica que vemos hoje na atual basílica, da autoria de Frei Agostinho de Jesus, datam desta época. Os restos mortais de Fernão Dias Paes e de sua esposa se encontram na cripta do mosteiro.

Um recenseamento de 1798 traz os bens materiais do Mosteiro de São Bento, adquiridos por compra ou doação: Fazenda de Parati, em Mogi das Cruzes; terras no sertão de Taquaraé, doadas por Violante de Siqueira; terras com 61 cabeças de gado doadas por Fernão Dias Paes; a Fazenda São Bernardo, doada; terras em Ipiranga com 16 cabeças de gado e um cavalo; campo doado em Curitiba com cem vacas e 122 escravos, além de dinheiro e escravos. 

Mas, em meados do século seguinte, o Mosteiro de São Bento já apresentava sinais de decadência e abandono. O mosteiro, relata o historiador Ernani Silva Bruno, "com setenta e uma casas de morada na cidade, quatro fazendas e uma olaria, e mais de cem escravos, era morada de um único religioso". 

1860

Em Julho de 1900 D. Miguel Kruse assume a direção do mosteiro e, com atividade ímpar, inicia um novo período na história de São Paulo. Seus primeiros esforços são no sentido de dotar o mosteiro de um bom colégio secundário. Surge assim, em 1903, o Colégio de São Bento. Logo após, em 1908, funda a faculdade de Filosofia, que seria a primeira do Brasil. Em 1911, instala a primeira abadia de monjas beneditinas da América do Sul, o Mosteiro de Santa Maria.

1903

1910

É também de iniciativa de D.Miguel Kruse a construção de uma nova abadia e um novo mosteiro. Em 1910 tem início a nova construção segundo projeto do arquiteto Richard Berndl da cidade de Munique, Alemanha. Dizem que o relógio alemão, instalado em 1921, só parou uma vez, em 8 de janeiro de 1980, data que coincide com o falecimento de Júlio Müller, o único relojoeiro da cidade que sabia lidar com ele. 

Relógio do Mosteiro. Foto de Foto-diletantismo (http://www.flickr.com/foto-diletantismo).
Foto de Militão Augusto de Azevedo. 1862.

Quatro anos mais tarde, em 1914, estava completado o conjunto beneditino que conhecemos hoje abrigando a Basílica de Nossa Senhora da Assunção, o Mosteiro e o Colégio de São Bento, marco histórico, cultural e turístico da maior importância para o cidade de São Paulo e para o Brasil.

1916
Escadaria de São Bento e parte do Viaduto de Santa Efigenia - 1916

O Mosteiro de São Bento localiza-se no Largo de São Bento, região de intenso comércio, onde, em 26 de setembro de 1975, foi inaugurada a Estação São Bento do Metrô.

Mosteiro de São Bento. Foto de Foto-diletantismo (http://www.flickr.com/foto-diletantismo).