Cacique Tibiriçá

Tibiriçá foi um importante líder indígena tupiniquim dos primórdios da colonização portuguesa do Brasil. Era aliado dos portugueses. Teve papel destacado nos eventos relacionados à fundação da atual cidade de São Paulo, em 1554.

Foi convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Seu nome de batismo cristão foi Martim Afonso, em homenagem ao fundador de São Vicente. Seus restos mortais encontram-se na cripta da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo.

Cripta do Cacique Tibiriçá, na catedral da Sé

Detalhe da cripta do Cacique Tibiriçá, na catedral da Sé

Chefe da tribo dos Guaianás, Tibiriçá dominava a região de Piratininga junto com seus irmãos Caiubi e Piquerobi*, estes estrategicamente localizados o primeiro na região sul, próximo à confluência dos rios Guarapiranga e Jurubatuba (região denominada de Ibirapuera e depois Santo Amaro) e o segundo na região leste, ás margens do rio Anhembi, ou Tietê (local chamado Uraraí e depois São Miguel Paulista).

*Os irmãos de Tibiriçá, Piquerobi e Caiubi, que se salientaram durante a colonização do Brasil: o primeiro, como inimigo e o segundo, como grande colaborador dos jesuítas. 

Tibiriçá teve muitos filhos com a índia Potira:  Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá, Toruí, Bartira** e Maria da Grã.

**Bartira viria a desposar João Ramalho, de quem Tibiriçá era grande amigo e a pedido do qual defendeu os portugueses quando estes chegaram a São Vicente. 

A taba de Tibiriçá situava-se próxima à nascente do rio Tamanduateí, num local denominado Guapituba (em terras do atual município de Mauá). A uma distância de menos de duas léguas dali Ramalho instalara um posto de observação permanente de toda a orla de São Vicente (na atual Vila de Paranapiacaba). O interesse era acompanhar a entrada de navios na baía e no porto. Se fossem invasores, descia com sua tropa de portugueses, índios e mamelucos para combater. Senão, seriam parceiros com os quais poderia traficar índios inimigos, aprisionados em combates.

Conta Frei Gaspar em suas memórias que ao saber da chegada de uma armada portuguesa ao porto de São Vicente, "Tibiriçá reuniu 500 homens com arcos e flechas para o ataque. Reconhecendo que a armada era de um compatriota, João Ramalho negociou a paz com Tibiriçá, facilitando a colonização".

Em 1554, acompanhou Manuel da Nóbrega e José de Anchieta na obra da fundação de São Paulo e atendendo a um pedido dos jesuítas, estabeleceu-se no local onde hoje se encontra o Mosteiro de São Bento, espalhando seus índios pelas imediações. A atual Rua de São Bento era, por esse motivo, chamada, primitivamente, Martim Afonso. Graças à sua influência, os jesuítas puderam agrupar as primeiras cabanas de neófitos nas proximidades do colégio. Tibiriçá deu, aos jesuítas, a maior prova de fidelidade a 9 de julho de 1562, quando, levantando a bandeira e uma espada de pau pintada e enfeitada de diversas cores, repeliu, com bravura, o ataque à vila de São Paulo efetuado pelos índios tupis, guaianás e carijós chefiados por seu sobrinho (filho de Piquerobi) Jagoaranho, no ataque conhecido como o Cerco de Piratininga. Durante o combate, Tibiriçá matou seu irmão Piquerobi e seu sobrinho Jaguaranho.

Tibiriçá morreu em 25 de dezembro de 1562, como atesta José de Anchieta em sua carta enviada ao padre Diogo Laínes,devido a uma peste que assolou a aldeia. Em 1580, Susana Dias, sua neta, fundou uma fazenda à beira do Rio Tietê, a oeste da cidade de São Paulo, próximo à cachoeira denominada pelos indígenas de "Parnaíba": hoje, é a cidade de Santana de Parnaíba.