Confederação dos Tamoios

A Confederação dos Tamoios é a denominação dada à revolta liderada pela nação indígena Tupinambá, que ocupava o litoral brasileiro entre Bertioga(SP) e Cabo Frio(RJ), e envolveu os portugueses, os franceses e as tribos indígenas dos Guaianazes, Aimorés e Termiminós, entre 1556 e 1567, embora tenha-se notícia de incidentes desde 1554.

O nome dessa confederação vem do vocábulo tupi antigo tamyîa (ou tamuîa), que significa "avô" ou "antepassados".

O governador da capitania de São Vicente, Brás Cubas, pretendia promover a colonização mediante a escravização de indígenas. Entre as práticas indígenas, estava o cunhadismo, pela qual um homem, ao se casar com uma mulher de uma determinada tribo, passava a ser membro dessa mesma tribo. Por essa prática, João Ramalho, companheiro de Brás Cubas, desposou Mbici, também conhecida como Bartira, filha do chefe dos tupiniquins, o cacique Tibiriçá. Através dessa parceria, João Ramalho angariou um grande número de aliados para um ataque à aldeia dos tupinambás, na tentativa de aprisioná-los e usá-los como mão de obra escrava.  Nesta época os colonizadores procuravam mão de obra escrava para trabalhar nas primeiras plantações de cana-de-açúcar. Além do grande número de mortes, muitos índios foram presos por ordens de Brás Cubas, entre eles o chefe da tribo, Cairuçu e o seu filho Aimberê.

Preso em péssimas condições de sobrevivência, o tupinambá Cairuçu acabou morrendo no cativeiro. Seu filho, Aimberê, conseguiu fugir e assumiu o comando da tribo e declarou guerra aos colonos portugueses e à tribo dos tupiniquins.

Aimberê reuniu-se onde hoje é Mangaratiba, no litoral oeste fluminense, com os demais chefes tupinambás: Pindobuçu e Koaquira, de Ubatuba, Cunhambebe, de Ariró, Guayxará, de Taquarassu-tyba. Sob a liderança de Cunhambebe e com o apoio de outras nações indígenas, como os goitacás, os tupinambás organizaram uma aliança contra os tupiniquins e portugueses.

Nesta mesma época, em 1555, desembarcaram no Rio de Janeiro os franceses, liderados por Nicolau Durand de Villegaignon, que logo se aliaram aos Tamoios contra os lusitanos oferecendo a estes armas em troca da permanência em terras brasileiras. Os franceses queriam fundar a França Antártica, um território para todos que eram perseguidos em seu país.

Cunhambebe marcou história devido a suas grandes batalhas contra os portugueses. Faleceu após um surto de doenças contraído pelo contato com os brancos, foi então que Aimberê ocupou o seu lugar. Ele fez contato com o líder Tibiriçá, através do sobrinho Jaguaranho, e marcou um encontro para selar a confederação. Quando os tamoios chegaram na aldeia, Tibiriçá se declarou fiel aos portugueses e matou seu sobrinho, suscitando uma investida que dizimou grande parte da tribo dos guaianases.

Em 1563 foi efetuado um tratado de paz entre os portugueses e os índios tamoios. Para negociar o tratado, os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta se deslocaram em 1562 até Iperoig (atual Ubatuba), onde estava o líder tamoio Cunhambebe. Nóbrega acompanhou Cunhambebe até São Vicente, onde o líder tamoio iria negociar com os portugueses e tupiniquins, enquanto Anchieta ficou em Iperoig como refém dos tamoios. Durante esse período como refém, Anchieta compôs, na areia da praia, seu célebre poema em latim em honra à Virgem Maria, o "Poema da Virgem".

Anchieta e Nóbrega na Cabana de Pindobuçu. Pintura de Benedito Calixto

O fim da trégua conquistada pelo armistício de Iperoig em 1563 se deu com o fortalecimento da colonização portuguesa, com os portugueses se lançando sobre as aldeias indígenas, matando e escravizando a população. Os tupinambás foram se retirando em direção à baía de Guanabara.

Contudo, em 1567, com a chegada de reforços para o capitão-mor Estácio de Sá, que fundara, dois anos antes, a vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, iniciou-se a etapa final de expulsão dos franceses e de seus aliados tamoios da Guanabara, tendo lugar a dizimação final dos tupinambás e a morte de Aimberê quando da guerra de Cabo Frio.

A confederação dos Tamoios é relatada, em parte, nos escritos do mercenário alemão Hans Staden, que foi prisioneiro dos tamoios em Uwa-tibi, aldeia tupinambá que ficava em algum ponto do litoral entre a Bertioga e o Rio de Janeiro atuais.