Padre Leonardo Nunes nasceu na freguesia de São Vicente da Beira, Concelho de Castelo Branco, Portugal, em data desconhecida e faleceu num naufrágio a 30 de junho de 1554 quando rumava a Lisboa em missão especial. Integrou a primeira expedição jesuíta liderada pelo Padre Manoel da Nóbrega, que acompanhou o primeiro governador geral do Brasil Tomé de Souza, desembarcando no Brasil no ano de 1549.
Mais conhecido como “Abare-bebê" (padre voador), nome dado pelos índios, justificado por uma capacidade incomum do querido Padre: a de estar em lugares diferentes, não importando a distância, em tempo considerado extraordinário por quantos o conheceram. Para a mentalidade indígena, não poderia haver outra explicação, a não ser a capacidade de voar.
Mais conhecido como “Abare-bebê" (padre voador), nome dado pelos índios, justificado por uma capacidade incomum do querido Padre: a de estar em lugares diferentes, não importando a distância, em tempo considerado extraordinário por quantos o conheceram. Para a mentalidade indígena, não poderia haver outra explicação, a não ser a capacidade de voar.
Inicialmente exerceu o ministério em Ilhéus e Porto Seguro, mas logo recebeu missão especial, deslocando-se para São Vicente, em 1550, capitania de Martim Afonso de Souza, ali fundando o Real Colégio de São Vicente, seminário e uma das primeiras escolas do Brasil. De Ilhéus trouxera consigo um grupo de índios carijós, catequizados anteriormente por franciscanos, salteados depois por colonos do Brasil, preadores de escravos, e postos então em liberdade, por ordem de Tomé de Sousa e a pedido de Nóbrega, índios que deveriam restituir a suas terras, apenas se reunissem todos os libertados, para lá os evangelizar.
Recebido com alvoroço pelos colonos de São Vicente, a primeira coisa que fez foi subir ao planalto, onde viviam espalhados entre os índios, privados de toda assistência religiosa, certo número de portugueses. Chegando à região do ABC, conseguiu agrupar portugueses que por aqui andavam dispersos e índios e por meio da pregação da doutrina cristã, os convenceu a construir uma ermita dedicada à Santo André, em torno da qual surgiu um povoado. Em fevereiro de 1553, Tomé de Souza em visita a esse povoado, mandou fortificar o sítio elevando-o à categoria de vila, dando-lhe o nome de Vila de Santo André da Borda do Campo
Desse local se adiantou quatro ou cinco léguas, visitando aldeias de índios, aos quais propôs, por meio de intérpretes que o acompanharam, seus planos de catequese. Quiseram os índios que ficasse entre eles.
Retornando a São Vicente, ali com auxílio do capitão-mór Antônio de Oliveira, de Luís de Góis e dos moradores em geral, empreendeu a construção de um vasto templo e de uma boa casa, onde pensava educar os filhos dos índios amigos, como já se estava fazendo na Bahia. Recebeu então na Companhia dois colonos influentes, grandes "línguas", os mesmos, provavelmente, que o haviam acompanhado na excursão ao planalto: Pero Correia e Manuel de Chaves. Com o coadjutor Mateus Nogueira, ferreiro, que aceitara na Capitania do Espírito Santo, e o Irmão Diogo Jácome, com quem trabalhara em Ilhéus, formou assim a primeira comunidade jesuítica em São Vicente.
Seu zelo sacerdotal, sua atividade incansável, foram produzindo desde logo admiráveis frutos de regeneração cristã. A comunidade, igualmente, ia crescendo com a admissão de novos elementos: João de Sousa, André do Campo e outros. Em agosto de 1550 eram oito. Em junho de 1551 eram catorze. Já então funcionava a escola de catecúmenos. Em maio de 1551, entrava de novo o Abaré-bebê pelo sertão, até Maniçoba, provavelmente.
Nesta viagem se deu o choque com João Ramalho e a sua geração, dada a situação irregular do patriarca em face da Igreja. Corajoso e humilde, cumpriu Nunes sem tergiversações o seu dever, preparando afinal a conversão do guarda-mór do Campo, que se dará em 1568.
Insistiam os índios que lhes pregasse a fé. Único sacerdote na casa de São Vicente, já não podia abandoná-la. Para animar, porém, "assim portugueses como índios", lhes anunciava a vinda
de novos jesuítas de Coimbra, que seriam então distribuídos "em tal e tal parte".
Com a chegada do Padre Manuel de Paiva em 1552, esteve Leonardo Nunes, conforme projetara desde o ano anterior, para ir ao Paraguai, donde se renovavam os apelos de espanhóis e de índios para a ida até lá do Abaré-guaçú, o grande missionário. Se desistiu, foi provavelmente, com a notícia da próxima vinda a São Vicente do Padre Manuel da Nóbrega.