1601 a 1620

1602

Pouco após a chegada D. Francisco de Sousa partiu para o sertão de Sorocaba e interessou- se pela mineração aurífera do Jaraguá. Despachou ao sertão a grande bandeira de André de Leão que em 1601 percorreu o vale do Paraíba e foi ter ao de São Francisco. Realizou nove meses de jornada de que há o precioso relato do holandês Jost ten Glimmer. Nada encontrou Leão aliás em matéria de jazigos preciosos.

Em 1602, expediu D. Francisco na mesma faina a Nicolau Barreto com algumas centenas de homens.

Voltou-se depois o pertinaz Governador-Geral para as “minas de ferro e aço” como ingenuamente relata o bom Pedro Taques.

Aproveitando a descoberta de Afonso Sardinha o protominerador do ouro no Brasil, no Jaraguá tentou fundar, em Ipanema, um centro siderúrgico e outro em Santo Amaro, o antigo Ibirapuera.

Em 1602 após um proconsulado de onze anos como nenhum de seus predecessores jamais tão longo tivera, foi em 1602 substituído no Governo-Geral por Diogo Botelho.

Continuou em São Paulo: À última hora faltou-lhe a coragem de desprender-se da terra paulista onde permaneceu por alguns anos, sempre ocupado com as pesquisas de minerais.

1606

É instalado o Engenho de Ferro de Nossa Senhora de Assunção, o primeiro do Brasil, no atual bairro de Santo Amaro. Era a presença de minério de ferro na região, em rochas quartzosas, que possibilitava a confecção de instrumentos para a lavoura e bélicos, tais como foices, machados etc. O Engenho de Ferro funcionou por 20 anos.

1610

A população era marcadamente mestiça, mamelucos ou “mamalucos”, como se dizia na época, e assim descrita pelo Pe. Jácome Monteiro, em 1610:

"Os moradores são pola maioria Mamalucos e raros Portugueses; e mulheres [portuguesas] há só uma, a que chamam Maria Castanha [Castanho]. São esses de terrível condição; o trajo seu, fora da povoação, é andarem como encartados, com gualteiras de rebuço, pés descalços, arcos e frechas, que são suas armas ordinárias"

A 5 de setembro de 1610 como estivesse a vila com muito má aparência mandava pôr a Câmara escritos à porta do conselho e da igreja matriz para que todos caiassem suas casas sob pena de dois mil réis de multa.

1611

Em 3 de julho foi promulgada a lei que declarava os aborígines livres do cativeiro, e aumentaram os embates entre os apresadores de índios e os jesuítas, mas eram as suas disposições burladas, diariamente, e o tráfego vermelho imperava em todo o Brasil. Às encomiendas castelhanas correspondiam os serviços forros portugueses dos índios “livres por lei de sua Majestade” e mantidos em ferrenho cativeiro, “depositados” em casa dos colonos.

Os jesuítas eram pouco numerosos, e ofereciam uma tímida oposição a este espírito coletivo. Essa atitude, no entanto, lhes valeria, já em 1611, graves ameaças de expulsão.

Estradas rudimentaríssimas como as que comportava a pobreza da terra, verdadeiros sulcos, quando muito, qualquer chuva as transformava em formidáveis atoleiros. Tanto mais fácil era isto quanto serviam de passagem às boiadas. Assim as toscas e frágeis pontes viviam em petição de miséria e a cada passo ressoavam em Câmara os ecos a isto relativos. A 15 de janeiro de 1611 proibia-se o trânsito do gado pela Ponte Grande “para se não desmanchar”.

1615

A Câmara convocou todos os moradores para que acudissem com ferramentas, foices, machados e enxadas e mantimentos para irem fazer as pontes do Caminho do Mar, “por assim ser necessário”. Amiúdam-se os termos sobre o conserto da vital estrada: convocações aos moradores, multas aos que faziam transitar gados, reparação das pontes, etc. Ninguém obedecia. Até Amador Bueno, quando ouvidor da Capitania incorreu neste abuso, sendo autuado e multado.

1616

Prosperava a lavoura algodoeira no planalto. Chegara mesmo a ter desenvolvimento notável, pois o pano era muito valorizado. Faziam os fazendeiros os servos trabalhar na fiação e tecelagem do algodão. Os aparelhos manufatores, rudes, do tempo, se resumiam aos teares. Os tecelões pagavam-se com o próprio pano por eles fabricado com algodão alheio. Em algumas fazendas havia como que pequenas manufaturas. 

1619

Lavouras grandes de trigo rodeavam a vila. Moinhos e monjolos construíram-se numerosos em torno de São Paulo. A 9 de fevereiro de 1619, a Câmara decretava que “os senhores de moinhos não levassem mais de maquia que de oito alqueires um, a saber que sete pagassem para o dono do trigo e um ao dono do moinho”.

1620

O asseio das ruas e quintais preocupou o poder municipal desde os primeiros anos do século XVII. Na sessão de 20 de janeiro de 1620 foram diversos moradores mutados por não derrubarem o mato atrás de suas casas. A 15 de fevereiro, nas vizinhanças da procissão dos Passos decidia-se que cada morador “mandasse lá o seu negro com sua enxada carpir o adro da igreja matris e a prasa desta dyta villa” e além disto “varresse e limpasse a sua testada”. Renovam-se, a cada passo, nas Atas, as intimações neste sentido.